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Para os homens eles são Filhos e para Deus eles são Bençãos

Iniciamos nossa Reflexão falando sobre o documento da Igreja que nos orienta sobre como exercer uma Paternidade Responsável e logo abaixo partilhando um pouco do que está em nosso coração.

Reflita antes e responda:

O que são os Filhos aos olhos de Deus???

Por que "o que é um filho para os homens" está se afastando "do que é um filho para Deus"???

Planejar sua família é a mesma coisa que planejar a compra de um carro ou de uma casa???

Paternidade Responsável e Igreja Católica

A nossa Igreja Católica nos aconselha por meio Documentos e é missão dos padres e de todo o Clero nos trazer o conteúdo destes documentos que representam a posição da Igreja Católica sobre determinado assunto à luz do Espírito Santo, e só pra nos conscientizarmos a Igreja não emite direcionamentos (documentos) a nós leigos partindo do nada, sempre existem estudos que levam em consideração todas as realidades às quais está submetido o fiel católico, unindo fé e razão, alguns desses documento levaram anos de estudo como é o caso do documento que nos fala sobre a Paternidade Responsável, que é a CARTA ENCÍCLICA HUMANAE VITAE de Papa Paulo VI, outros documentos vão complementar o assunto mas o principal se encontra no Humanae Vitae que é um documento curto em tamanho mas muito amplo e sábio quando se trata de direcionamento do Matrimônio, iremos fazer algumas citações mas sugiro que leiam o documento completo no link do site do Vaticano nas referências abaixo.

Humanae Vitae

A Encíclica foi uma resposta na época às transformações socioculturais, políticas, éticas sexuais, comportamentais, quando os católicos se encontravam confusos sobre o que era lícito e o que era ilícito ou o que era moral e o que era imoral quando se falava de planos de família e com toda sabedoria Papa Paulo VI reuniu teólogos, leigos e cientistas para discutirem sobre o papel da família na sociedade e após anos de estudos o resultado foi a Humanae Vitae gerando um marco histórico na Igreja e trazendo referências sólidas para os casais. A Igreja sempre nos mostrar o quanto é bela e abençoada uma família numerosa, e também, quando necessário, nos indicará caminhos lícitos e morais se temos motivos justos e graves para o espaçamento da próxima gravidez.

A Encíclica inicia nos falando que "O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias. [1]"

A Igreja não está desatenta às nossas necessidades e dificuldades, ela sabe que a realidade da família é a mesma de todo cristão, vejamos o que nos fala Jesus em São Mateus no capítulo 11 - "28.Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29.Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30.Porque meu jugo é suave e meu peso é leve”. Muitas vezes planejamos nossa família de forma que tenhamos o máximo de comodismo, conforto e tranquilidade possível mas devemos nos ater que Jesus nos promete sua companhia e o alívio em nossos fardos, mas em nenhum momento Ele fala que irá tirar as dificuldades e angústias da nossa vida, apenas que elas serão mais leves aos Seus lado.

É certo que os planos de família devem levar em consideração os aspectos naturais e terreno - aspectos biológicos, psicológicos, demográficos e sociológicos, mas sobretudo nossos planos de família devem considerar os aspectos Sobrenaturais e Eternos.

"O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor, "o Pai, do qual toda a paternidade nos céus e na terra toma o nome". O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração e educação de novas vidas.[8]"

"Sendo assim, o amor conjugal requer nos esposos uma consciência da sua missão de "paternidade responsável", sobre a qual hoje tanto se insiste, e justificadamente, e que deve também ser compreendida com exatidão. De fato, ela deve ser considerada sob diversos aspectos legítimos e ligados entre si.[10]"

"Em relação com os processos biológicos, paternidade responsável significa conhecimento e respeito pelas suas funções: a inteligência descobre, no poder de dar a vida, leis biológicas que fazem parte da pessoa humana.[10]"


"Em relação às tendências do instinto e das paixões, a paternidade responsável significa o necessário domínio que a razão e a vontade devem exercer sobre elas.[10]"

"Em relação às condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, a paternidade responsável exerce-se tanto com a deliberação ponderada e generosa de fazer crescer uma família numerosa, como com a decisão, tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento.[10]"


"Paternidade responsável comporta ainda, e principalmente, uma relação mais profunda com a ordem moral objetiva, estabelecida por Deus, de que a consciência reta é intérprete fiel. O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres, para com Deus, para consigo próprios, para com a família e para com a sociedade, numa justa HIERARQUIA de valores.[10]"

"Na missão de transmitir a vida, eles não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja.[10]"

"Esta doutrina, muitas vezes exposta pelo Magistério, está fundada sobre a CONEXÃO INSEPARÁVEL que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado UNITIVO e o significado PROCRIADOR. Na verdade, pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao mesmo tempo que une profundamente os esposos, torna-os aptos para a geração de novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher. Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o ato conjugal conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro e a sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade.[12]"

Então com base no documento o casal deve buscar a geração de uma família numerosa, contudo o casal pode ter motivos graves e justos que justifiquem o espaçamento da próxima gravidez e para que esse proceder seja LÍCITO. Essa avaliação dos motivos graves e justos deve se originar na consciência reta do casal à qual deve ser sempre alimentada pelas Sagradas Escrituras à luz do Espírito Santo e pelos ensinamentos da Igreja. O casal é o único que conseguirá verificar todos os parâmetros citados acima de forma completa e total para uma verdadeira e justa avaliação "do que é" e "do que não é" um motivo grave para se espaçar a próxima gravidez, principalmente quando é por tempo indeterminado. Aqui vale o conselho frisado no documento, em nossas decisões sobre ter um filho ou espaçar a próxima gravidez devemos ter o cuidado de não sermos egoístas levados pelo desejo do que queremos mas não necessitamos, ao contrário que em nossas decisões sejamos sempre muito generosos para com Deus e para com nossos próximos filhos que Deus quis que dependessem de nós para poderem vir a este mundo.

Quando um casal decidi por ter uma quantidade limitada de filhos não podemos julgar e afirmar que este casal está fechado à vida, como falado acima essa decisão parte da consciência reta do casal e o nosso papel não é julgar mas sim ajudar o casal a ter a consciência plena da sua vocação dentro do matrimônio e assim ter a certeza que irão tomar a melhor decisão dentro da sua realidade de família. E para aqueles que querem ir além de suas condições perceptíveis aos nossos olhos mortais, posso afirmar, sem medo de erro, que uma família numerosa é sempre uma entrega à providência e misericórdia Divina, e quando se entrega a família aos cuidados de Deus teremos sempre o amparo na caminhada a ser seguida, pois uma família numerosa será sempre uma família muito abençoada.

Então sendo Lícito o espaçamento quando temos motivos graves e justos, devemos também ter a consciência de que para atingir o objetivo do espaçamento nós temos métodos que são Lícitos e métodos que são Ilícitos, ou seja, além dos motivos graves e justos, os métodos usados para por em prática o espaçamento da próxima gravidez também devem ser Lícitos e Morais, para que o casal permaneça ABERTO A VIDA, pois a abertura à vida não se resume somente no "ter filhos" mas vai além e atinge o desejo no íntimo do coração do casal de fazer a vontade de Deus no seu matrimônio, dando-lhes assim tal Estado de Graça que os permite participar de todos os Sacramentos da nossa Igreja Católica.

"Em conformidade com estes pontos essenciais da visão humana e cristã do matrimônio, devemos, uma vez mais, declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas.[14]"

Exemplos: aborto direto ou micro-abortos causados por diu ou anticoncepcionais hormonais (pilula, implante, injeção ou qualquer outro).


de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher.[14]"

Exemplos: Laqueadura e Vasectomia.

"É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação[14]"

Exemplo: camisinha, coito interrompido, diafragma, diu, espermicidas, anticoncepcionais hormonais, etc.

Sendo todos os métodos citados acimas ilícitos ou imorais para serem usados quando temos um motivo grave e justo para espaçamento da próxima gravides, o que é lícito então?

"Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar[16]"

"A Igreja é coerente consigo própria, quando assim considera lícito o recurso aos períodos infecundos, ao mesmo tempo que condena sempre como ilícito o uso dos meios diretamente contrários à fecundação, mesmo que tal uso seja inspirado em razões que podem aparecer honestas e sérias. Na realidade, entre os dois casos existe uma diferença essencial: no primeiro, os cônjuges usufruem legitimamente de uma disposição natural; enquanto que no segundo, eles impedem o desenvolvimento dos processos naturais. É verdade que em ambos os casos os cônjuges estão de acordo na vontade positiva de evitar a prole, por razões plausíveis, procurando ter a segurança de que ela não virá; mas, é verdade também que, somente no primeiro caso eles sabem renunciar ao uso do matrimônio nos períodos fecundos, quando, por motivos justos, a procriação não é desejável, dele usando depois nos períodos agenésicos, como manifestação de afeto e como salvaguarda da fidelidade mútua.[16]"

Então o documento nos diz que é lícito o uso apenas dos períodos infecundos para se ter o ato conjugal quando o casal possui um motivo grave e justo pra espaçar a próxima gravidez, e é ai que entra os Métodos Naturais de Planejamento Familiar. Através desses métodos o casal identifica quando está fértil e quando está infértil e usa dos períodos infecundos pra ter os atos conjugais de acordo com as regras de cada método, preservando também o aspecto unitivo que não pode ser considerado menor ou menos necessário que o aspecto procriador.

Finalizamos apenas com um alerta, o Estado de Graça gerado pela Abertura à Vida não é consequência do simples uso dos Métodos Naturais em qualquer condição, a Abertura à Vida é mantida somente quando o casal possui um motivo justo e grave para espaçamento e usa para isso os Métodos Naturais. Falando de forma direta e clara, se o casal usa Métodos Naturais mas NÃO possui um motivo justo e grave, ele NÃO está Aberto à Vida e não está em Estado de Graça para participar dos Sacramentos da nossa Igreja, pois se encontra em Pecado Mortal da mesma forma que qualquer outro casal que usa métodos artificiais.

Partilhando

Muito pode ser falado quando se trata de filhos, mas vamos nos restringir ao essencial, Filhos são Bênçãos derramadas direto do coração de Deus sobre a vida do casal, e isso acontecerá de acordo com a vontade de Deus e não necessariamente de acordo com o desejo do casal, apesar de podermos direcionar os planos de nossa família, eles terão sempre que ser ratificados por Deus.

O filho como toda bênção, virá para mudar a vida do casal para melhor, o filho vem pra transformar a vida de maneira que sejam merecedores da Vida Eterna, é isso mesmo, se aceitarem os filhos como bênçãos que eles são, uma das primeiras consequências na vida do casal é a santificação.

Vamos as Sagradas Escrituras, no Salmo 126, ver o que Deus tem pra nos Falar:

"3.Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. 4.Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. 5.Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade."

Precisamos resgatar essa bela visão do que são os filhos na vida do casal, infelizmente somos levados pela correria e desejos da vida moderna, influenciados principalmente pela mídia e pelas exigências "do eu quero ter" e "do eu quero poder", e assim nós transformamos os filhos em um acessório do casamento, que será conquistado com muito custo e sofrimento na nossa vida de casal, ou seja, o filho não é visto como bênção, mas sim como um peso na vida do casal, que deve ter sua chegada muito bem calculada nos mínimos detalhes.

E o que é pior é que não é somente o mundo moderno que retira dos filhos essa sua principal característica de ser bênção, somos nós mesmo, "seus próprios pais". O casal ainda não conseguiu enxergar que para os filhos, nós os pais somos como que heróis e os pais tem o poder de transformação sobre a vida dos filhos e se os filhos fores tratados como bênçãos eles serão bênçãos em nossas vidas, mas se os pais não os tratarem como tal, eles não cumprirão seu desígnio de ser bênção em nossas vidas.

Olhando essas duas extremidades de ser bênção ou não ser bênção, parecem muito distantes uma da outra, mas quando falamos de filhos a linha que as divide é muito estreita e tudo começa ainda quando estamos planejando nossa família e começamos a fazer as contas e colocar condições e imposições para que a bênção dos filhos sejam realidade no nosso matrimônio. Não digo que não devemos planejar, mas que tenhamos muito cuidado nos planos pra não impedir a ação de Deus em nossa família. 

Temos que planejar  e nos preparar pra chegada dos nossos filhos, mas não posso fazer isso da mesma maneira como eu planejo a compra de uma casa ou a compra de um carro ou o início da faculdade.

Sei que temos que pensar no futuro dos nossos filhos, mas quando se planeja ter um filho, você não precisa ter entre seus dedos o controle de tudo o que você vai gastar ou precisar até que ele conclua o ensino superior.

Vejamos o que o mesmo Salmo 126 nos fala:

"1.Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas. 2.Inútil levantar-vos antes da aurora, e atrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono." 

Devemos sim fazer a nossa parte, mas o controle está nas mãos de Deus, aproveito pra colocar uma frase de um grande amigo, "todo filho vem com um pão debaixo do braço", ou seja, se você confia plenamente em Deus e Deus te abençoou com um filho, então basta você fazer a sua parte que Deus providenciará o que irá necessitar pra criar este filho. Diante de todas as barreiras na decisão do "ter o próximo filho" reflita sempre pois existe uma grande diferença entre o que você deseja ou que quer e o que realmente você necessita e nesses casos a consciência reta do casal à luz do Espírito Santo será sempre a melhor conselheira.

São Mateus no capítulo 6 nos fala o seguinte:

"24. Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza. 25.Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? 26.Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? 27.Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 28.E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. 29.Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. 30.Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31.Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? 32.São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. 33.Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo." 
 

E se tudo pra você gira em torno de preocupações com futuro deixo algo sobre o qual deve refletir: os filhos aprendem mais pelo exemplo do que por palavras, e se você, mesmo que pelo seu jeito de amar, troca sua presença na vida dele por presentes ou outros bens materiais, ou ainda o trata como um peso ou um acessório do seu casamento, você também será tratado da mesma forma pelo seu filho durante sua velhice, e para este filho estar ou não  presente na sua vida na velhice ou até cuidar de você caso precise vai depender do retorno que ele terá com isso, pois foi assim que ele aprendeu a amar.

Tatiane e Cláudio

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