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Quando surgiram os Métodos Naturais

     Não se sabe se as culturas históricas estavam cientes de qual parte do ciclo menstrual é mais fértil, mas desde ano de 388 encontramos relatos sobre a abstinência periódica e tentativas de identificação de quando é o período fértil da mulher.

     Em 1855 , W. Tyler Smith observou que o fluido cervical oferece um meio adequado para a passagem do esperma e, em 1868 , J. Marim Sims descreveu o fluido cervical como tendo a consistência de clara de ovo.

     As primeiras observações de que a temperatura corporal basal tem um padrão bifásico (baixas temperaturas seguidas por altas temperaturas) durante o ciclo menstrual foram feitas por Squire em 1868 e Mary Putnam Jacobi em 1876, mas nenhum deles, no entanto, associou o deslocamento térmico com a ovulação.

   Em 1905 , Theodoor, Hendrik Van de Velde, um ginecologista holandês, publicou uma série de gráficos bifásicos e observou que a duração das temperaturas elevadas antes da menstruação era independente da duração do ciclo menstrual, demonstrando assim que a fase lútea é constante. Ele também fez a conexão de que o deslocamento para cima estava relacionado à ovulação. Em 1926 , ele afirmou que era o corpo lúteo (os restos do folículo ovariano após a ovulação) que causou o deslocamento para cima nas temperaturas após a ovulação. Van de Velde também observou a ocorrência de secreções de muco e dor intermenstrual na época do deslocamento térmico.

   Na década de 1920, Kyusaku Ogino , um ginecologista japonês,  e Hermann Knaus, da Áustria, trabalhando independentemente, fizeram a descoberta de que a ovulação ocorre cerca de catorze dias antes do próximo período menstrual. Ogino usou sua descoberta para desenvolver uma fórmula para ajudar as mulheres inférteis a calcular o tempo para conseguir engravidar. Em 1930, Johannes Smulders, um médico católico romano da Holanda, usou as descobertas de Knaus e Ogino para criar um método para evitar a gravidez. Smulders publicou seu trabalho com a associação médica católica romana holandesa, e esse foi o método oficial de ritmo promovido nas décadas seguintes.

     Em 1935 , um padre católico alemão chamado Wilhelm Hillebrand começou a estudar a idéia de usar a mudança de temperatura como um substituto para o método do ritmo do calendário.

     Então tínhamos até ai apenas o método da Tabelinha e o método da Temperatura Basal como métodos naturais para se exercer a paternidade responsável e com o passar dos anos fomos evoluindo e foram aperfeiçoados os métodos que existiam e criados novos métodos bastante eficazes.

     O Método Billings surgiu inicialmente em Melbourne, em 1953, também conhecido como método do amor, é um meio científico de Regulação Natural da Fertilidade, que, de forma natural e simples, possibilita a mulher conhecer sua fertilidade, podendo assim conseguir uma gravidez ou espaçá-la, servindo também para monitorar a sua saúde reprodutiva. Ele pode ser utilizado nas diversas fases da vida: desde a menarca até a menopausa, em períodos de amamentação, após medicação hormonal e, inclusive, quando ocorrem ciclos irregulares. O método surgiu a partir de investigações realizadas por Dr. John Billings com casais que desejavam utilizar métodos naturais de planejamento familiar. À época tinha-se como base os métodos do ritmo-calendário e o da temperatura basal para se evitar a gravidez. Contudo, tais métodos não eram tão abrangentes, e, diante disso, o Dr. John passou a estudar e pesquisar a atividade do cérvix uterino durante o ciclo menstrual, contando, para tanto, com a ajuda de um conselheiro matrimonial, o Pe. Maurice Catarinich. Assim, surgiu o método da auto-observação do padrão mucoso e, com isso, era possível aplicar regras apropriadas ao desejo de cada casal.

     Todo o conhecimento do Método de Ovulação Billings está sustentado em investigações científicas. Em meados da década de 50, o médico Dr. John J. Billings, membro da Universidade de Melbourne (Austrália), iniciou estudos em várias literaturas médica científicas do século anterior para entender como outros médicos de décadas anteriores teriam estudado. Mas, dando continuidade nestes estudos, ele tinha o propósito de descobrir informações que indicassem a possibilidade de a mulher identificar com mais precisão seus dias potencialmente férteis. Os outros métodos naturais até então descobertos mostravam-se insatisfatórios e limitantes em muitos casos. Dr. John J. Billings conseguiu, por meio desses estudos, reconhecer a possibilidade da presença e da importância do muco ser utilizado como indicador da ovulação, e para as mulheres ser um instrumento de reconhecimento dos seus dias férteis dentro do ciclo menstrual.
     Durante esses 70 anos, o Método de Ovulação Billings, vem consolidar como sendo o método natural mais completo e acessível na vida do casal, e a sua eficácia estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), chegando numa taxa de sucesso de 97% a 99%. Segundo a Organização Mundial do Método de Ovulação Billings (WOOMB), desde que o casal siga corretamente as regras estabelecidas pelo MOB e que haja um acompanhamento durante o aprendizado para colaborar com a mulher nas anotações e interpretação das possíveis mudanças do seu muco indicador da fertilidade.

     Na década de 1980, o papel dos sinais naturais de fertilidade eram muito bem compreendidos e bem documentados na pesquisa médica. A conscientização e a pesquisa sobre a infertilidade cresceram nos anos 80 e 90 e hoje contamos também com tecnologias de identificação da fertilidade tanto da mulher quanto do homem.

     Durante as últimas décadas, o estudo dos sintomas que acompanham o ciclo da fertilidade da mulher modificou sensivelmente o espaçamento dos nascimentos. Indo além do métodos do calendário do ritmo, os métodos modernos constituem procedimentos seguros e precisos para conseguir a gravidez ou adiá-la. Os métodos naturais se apoiam em uma sólida base científica. A saúde das mães e de seus filhos melhora com o espaçamento natural dos nascimentos, e não causa dano algum, nem para a mãe, nem para a criança. Os métodos naturais não fazem nenhum mal à saúde dos cônjuges, não têm efeitos colaterais e nem contraindicações de natureza fármaco-fisiológica. A liberdade e os direitos da mulher e do marido são respeitados com o uso desses métodos, que são centralizados na mulher e na integridade de seu corpo.

     Os métodos naturais desenvolvem uma relação inter-pessoal mais profunda entre os esposos, baseada na comunicação, nas decisões compartilhadas e no respeito recíproco. Fortalecem o casal e, portanto, a vida familiar.

Referências:
> E. Raith, P. Frank-Herrmann, G. Freundl, S. Baur, N. Klann, U. Sottong, Natürliche Familienplanung 
> Döring, GK (9 de junho de 1967). «The reliability of temperature records as a method of contraception (Über die Zuverlassigkeit der Temperaturmethode Zur Empfangnisverhutung)». Deutsche medizinische Wochenschrift.
> Clubb EM, Pyper CM, Cavaleiro J (1991). «Um estudo piloto sobre o ensino de planejamento familiar natural (NFP) na prática geral» . Anais da Conferência na Universidade de Georgetown, Washington, DC
> OMS - PLANEJAMENTO FAMILIAR - UM MANUAL GLOBAL PARA PROFISSIONAIS E SERVIÇOS DE SAÚDE 2018 pág. 292 "Um dos Pilares do Planejamento Familiar da Organização Mundial da Saúde - OMS
> Human Reproduction Update, Vol.17, No.2 pp. 141–158, 2011 - Types of ovarian activity in women and their significance: the continuum (a reinterpretation of early findings)
> Bulletin of the Ovulation Method Research and Reference Centre of Australia, 27 Alexandra Parade, North Fitzroy, Victoria 3068, Australia, Volume 21, Number 3, pages 3-35, September 1994- The Discovery of Different Types of Cervical Mucus and the Billings Ovulation Method - Erik Odeblad
> Fertility And Sterility - Vol. 36, No.2, August 1981 - A Prospective Multicentre Trial Of The Ovulation Method Of Natural Family Planning. I. The Teaching Phase - World Health Organization
> The Lancet - 14 October  1972 - Special Article Pag 813 - A Trial Of The Ovulation Method Of Family Planning In Tonga, Sister M. Cosmas Weissmann

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